terça-feira, 2 de novembro de 2010

Cavaco presidente?

“Com a minha experiência, posso ajudar o País a encontrar um rumo”, afirmou Cavaco Silva na apresentação da sua recandidatura à Presidência da República.
A brilhante demonstração do valor da sua experiência é o resultado do seu mandato cujo rumo do País parece ser a insolvência política, económica e social.

Subscrevo a interrogação de Miguel Sousa Tavares: “Mais cinco anos para quê?”, considerando o discurso político de Cavaco Silva “tão vazio de ideias…” E tem razão quando afirma que “o problema com o candidato Cavaco Silva é que ele nem pode usar o argumento do candidato Tirica, no Brasil: “vote em mim, pior do que está... não fica”. É que estamos bem piores agora do que estávamos há cinco anos”, quando Cavaco foi eleito.

Poupança!

Qual o impacto na economia se 50% do valor dos subsídios de férias e de natal de 2011de todos os que auferem mais de 2000 € mensais fossem pagos em títulos da dívida pública a serem resgatados em 2013 ou em 2015?
Poupança forçada, eu sei!...

E como exemplo de seriedade nas propostas de contenção despesas do Estado, o PSD ou o PS também podem propor: tecto para pensões vitalícias e atribuídas só após os 65 anos assim como proibição absoluta de pertencer a mais do que um conselho de administração ou órgão de gestão de empresas onde o Estado é accionista.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

OE 2011

A minha preocupação não é o chumbo do OE. Se é para penalizar ainda mais quem menos ganha, CHUMBEM-NO! A minha grande inquietação é que a alternativa a este PS corrompido é um PSD igualmente corrupto e pouco interessado em resolver os graves problemas do País mas sim em substituir os boys do PS nas administrações e lugares de topo do Estado.
Não deixa de exigir reflexão que os que mais apelam a que haja bom senso para aprovação do OE são tipos que ganham mais de 10.000 euros por mês, fazem parte dos conselhos de administração de várias empresas e ainda têm várias reformas.
Tanta demagogia fede.

Nova economia

O desemprego aumenta e a pobreza atinge números inaceitáveis. É tempo de repensar a organização do trabalho, apostando no emprego partilhado. por exemplo: redução do horário de trabalho para 30 horas semanais, com pequeno ajuste salarial, garantindo um salário mínimo de 500 € mensais aumentando o número de trabalhadores nas empresas que teriam benefícios fiscais se o aumento de empregados fosse de mais um terço.
Assim como é urgente a proibição das horas extraordinárias, como forma de promover o emprego e o reforço da vida famíliar.

Memórias de infância

Um dia vou dar a volta a Portugal de combóio! E levarei na memória a estação de caminho de ferro da CP de Cête, na linha do Douro, dos tempo da minha meninice assim como a aventura da viagem até São Bento.


Saboreando a releitura do livro "PADRE AMÉRICO - Páginas Escolhidas".

"Ao fim dos primeiros parágrafos, acontece aquilo que só é possível nos grandes escritores: estamos presos ao livro. Que há de assinalável nele? Trazer, transportado de meados do século XX, algo que interpela o que andamos a fazer hoje. A obra coloca-...nos, sem aviso prévio, perante o mais fundo dos problemas das sociedades, o da desigualdade e o da indiferença perante a sua evidência."
(Luís Fernandes in jornal Público, 23 Out 2008)



Pai Américo, infelizmente, continua actual!
Ah, se o Sócrates soubesse Ler Pai Américo, o OE seria outro!...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Inquietações

"Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí."

Os versos de Cântigo Negro de José Régio, que tanto me apoquentaram na adolescência, dançam com frequência na minha memória. Fará sentido esta inquietação aos 60 anos? Ou será apenas o renovar a recusa de pertencer a um rebanho por mais verdejante que seja a pastagem?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dar sentido à vida

Podemos ser tudo o que quisermos. Dá muito trabalho, mas podemos!
E vem-me à memória uma frase de Alain, pseudónimo do filósofo francês Émile-Auguste Chartier: "É preciso querer ser feliz e contribuir para isso. Se ficarmos na posição do espectador impassível, deixando para a felicidade apenas a entrada livre e as portas abertas, será a tristeza que entrará".

Encontro de Antigos Gaiatos

O Encontro de Gaiatos e suas famílias, na Casa do Gaiato, em Paço de Sousa, no passado dia 18 de Julho, correu muito bem. Gaiatos de todas as idades e de todas as latitudes voltaram uma vez mais ao seio da Família onde se fizerem Homens. Foi um convívio simples e fraterno relembrando alegrias e traquinices de outros tempos, com o cuidado de não se...r mau exemplo para os filhotes.
Foi pena que houvesse menos presenças que no ano passado!
As ausências são compreensíveis. Alguns velhos Gaiatos ainda não fizeram totalmente as pazes com um passado por vezes muito dorido. E os novos Padres, apesar de disponíveis, ainda não assimilaram o pensamento de Pai Américo: "Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes", olhando com receio infundado e algum distanciamento os velhos filhos de Pai Américo. Mas tenhamos esperança que o receio dê lugar a uma relação de confiança. Como diz Sebastião da Gama, “Pelo sonho é que vamos. Comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não frutos, Pelo Sonho é que vamos.”

PSD? - Predadores Sociais Depravados

Com a proposta de revisão constitucional o PSD mostra a verdadeira ideologia dos seus dirigentes: PREDADORES SOCIAIS.
Queremos mesmo construir uma sociedade baseada na economia do vale tudo e ser governados por um viveiro de sacanas, alguns bem barbeados e melhor engravatados?

Ordem da Ladroagem

Tudo rouba, minha gente! Seguir exemplo de deputado da nação, de autarcas, de sucateiros ou de alguns gestores pode ser o caminho para a notariedade social e os mais capazes ainda podem ganhar um prémio de Inovação e Criatividade ou ser agraciados como Comendadores da Ordem da Ladroagem!
Depois, é só extinguir a palavra Roubo e a Justiça ficará mais célere!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pai Américo

"Nasce na Casa do Bairro de Baixo, na freguesia do Salvador de Galegos, concelho de Penafiel, no dia 23 de Outubro de 1887, pela uma hora da madrugada. Filho de Ramiro Monteiro de Aguiar e de Teresa Ferreira Rodrigues, é Baptizado com o nome de Américo Monteiro de Aguiar no dia 4 de Novembro de 1887, pelo Padre António da Rocha Reis. Em 1894, inicia os estudos na Escola Régia de Galegos, com o mestre Joaquim da Silva Pinto. Aprende a doutrina cristã rapidamente, ensinada por Rosa do Bento, e faz a primeira Comunhão na sua terra natal.

Em Setembro do ano de 1897, vai para o Colégio do Carmo em Penafiel, onde é matriculado como aluno externo. A 8 de Agosto de 1899, faz o exame de instrução primária ( 4ª classe ), na cidade de Penafiel. No mês de Outubro deste mesmo ano, é admitido no Colégio de Santa Quitéria, em Felgueiras, pertencente aos Padres Vicentinos. Embora Américo de Aguiar mostre vontade de ser padre, seu pai assim não o acha devido ao seu feitio de brincalhão. Assim, em 1902 já está empregado no Porto, com apenas 15 anos, numa loja de ferragens, na Rua Mouzinho da Silveira, 110-112. Nesta altura, ajuda às missas, na igreja do Seminário, à Sé. Matricula-se no Instituto Comercial e Industrial do Porto, em Setembro de 1905 sem deixar o trabalho.

No entanto a 19 de Novembro de 1906, embarca para Moçambique, onde o espera seu irmão Jaime.Durante a sua permanência em terras de África, conhece D. Rafael da Assunção, seu confidente, que lhe abre o Caminho da Luz que Américo Aguiar irá tomar de regresso a Portugal. Entretanto dá-se a morte de sua mãe em 12 de Dezembro de 1913 e de seu pai a 5 de Agosto de 1921, em Paço de Sousa. Já de regresso a Portugal, em Julho de 1923, lembra-se de recolher à Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) - a martelada. Em Setembro desse mesmo ano, vai ao Colégio Franciscano de Santo António, em Tuy (Espanha) onde troca impressões com o Superior, Padre Manuel Alves Correia. A 21 de Outubro parte para o Convento Franciscano de Vilariño de la Ramallosa, na Galiza, onde fica como postulante. Toma o hábito franciscano, com 36 anos a 14 de Agosto de 1924. Por ser muito impressionista, é aconselhado a sair da Ordem dos Frades Menores em Julho de 1925. É então, que pede a admissão no Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, Porto e não é aceite. No entanto, é admitido pelo Bispo de Coimbra, D. Manuel Luís Coelho da Silva (natural de Bustelo) no Seminário Episcopal de Coimbra a 3 de Outubro de 1925. 23 de Dezembro de 1928, é ordenado Subdiácono. No ano seguinte (1929 ) a 7 de Abril recebe a ordem de Diácono e a de Presbítero pelo Bispo de Coimbra D. Manuel Luís Coelho da Silva com 41 anos de idade na capela do Seminário de Coimbra. Desde essa altura, passa a assinar P. Américo!

A 29 de Julho celebra a sua Missa Nova na capela das Irmãs Coadjutoras do Seminário de Coimbra, vindo a celebrar uma segunda Missa Nova na igreja paroquial de Paço de Sousa no dia 5 de Agosto de 1929. Embora fosse nomeado Perfeito e Professor no Seminário de Coimbra, não é nestas funções que Padre Américo se sente bem. É então que obtém licença do Prelado para se dar à visita de pobres. Assim, é-lhe confiada a missão de gerir a Sopa dos Pobres inaugurada a 19 de Março de 1932, na Rua da Matemática em Coimbra. Aí não só visita a casa de pobres como reparte o pouco que possui com eles. Em Maio de 1935, um garoto de rua vai ao seu encontro, e solicita-lhe uma visita ao seu pai, porque estava na cama e todos passavam fome. Esta visita há quem diga que foi a chispa que provocou imensas labaredas no seu coração. Aqui nascerá propriamente a Obra da Rua.
1940 - Funda a primeira Casa do Gaiato em Miranda do Corvo.
1943 – Funda a Casa do Gaiato em Paço de Sousa
1945 - Abre o Lar do Gaiato do Porto, na Rua D. João IV, 682.
1948 - É inaugurada a Casa do Gaiato na Quinta da Mitra, em Santo António do Tojal - Loures.
1951 - Inicia a construção das primeiras casas do Património dos Pobres, sob o lema « Cada freguesia cuide dos seus Pobres ».
1954 - Toma posse da Quinta da Torre, na freguesia de Beire, concelho de Paredes, para a instalação duma casa do Gaiato e do Calvário para doentes incuráveis e abandonados cuja inauguração se dá a 16 de Julho de 1957.
1955 - Instala a Casa do Gaiato em Algeruz, Setúbal.

Em 1956, no dia 12 de Julho, Padre Américo sofre um desastre de automóvel em S. Martinho do Campo Concelho de Valongo. É transportado ao Hospital Santo António no Porto, onde viria a falecer no dia 16.

Apesar da sua morte, a Obra continua a expandir-se. Assim em 1963, são fundadas as Casas do Gaiato de Malanje e de Benguela, em Angola e a de Lourenço Marques agora Maputo em Moçambique no ano de 1967.


AMA - Américo Monteiro de Aguiar


Vou terminar este texto (como uma simples e singela homenagem da minha parte ao Padre Américo) com uma pequena curiosidade, que é juntando as iniciais de Américo Monteiro de Aguiar, vamos obter a palavra «AMA». E não haja dúvida absolutamente nenhuma, que este HOMEM, que dá pelo nome de PADRE AMÉRICO, estava predestinado a amar o próximo como manda a LEI DE DEUS."


in Fernando Oliveira, blog Penafiel, terra nossa

sábado, 3 de julho de 2010

Que economia de mercado?!

Sempre que os neo-liberais falam da primazia do mercado, relembro alerta de Kofi Annan: “Temos de escolher entre um mercado global impulsionado pelo cálculo para obtenção de lucros a curto prazo e um que tenha o reflexo da face humana. Entre um mundo que condena um quarto da raça humana à fome e à sordidez, por um que ofereça a todos, no mínimo, a oportunidade de prosperidade, num ambiente saudável....”

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tempos de servidão

Seremos mesmo um país de servidão? Teremos mesmo medo de existir, como diz José Gil?

Com tanta demagogia e manipulação sobre a actual crise europeia, não resisto a divulgação de parte da lúcida entrevista do filósofo Santiago Lopez-Petit à última revista "visão".


“Pergunta: Perante a crise financeira, social e política que fragiliza as sociedades europeias que resposta devem dar os cidadãos?

Resposta: E se deixarmos de ser cidadãos? O cidadão, hoje, não é um homem livre, é uma peça da máquina de opressão que se chama democracia. O cidadão é um homem que acredita no que o poder lhe diz. Agora, o poder diz que há uma crise terrível, causada pelo facto de o cidadão ter vivido acima das suas possibilidades e a única solução é o sacrifício. É falso! A crise é a fuga para a frente de um capitalismo desenfreado. Deixarmos de ser cidadãos é começarmos a esvaziar as instituições e a perder o medo de experimentar outras formas de vida colectiva.

P: Como se faz isso?

R: O capitalismo e a realidade confundem-se. Viver já não é viver, é gerir a vida que temos e convertê-la num projecto rentável. Viver, em definitivo, é trabalhar. A nossa vida está precarizada e humilhada. Assinamos um contrato hipotecário com a realidade, mas podemos não o fazer. O nosso querer viver, em vez de funcionar dentro da máquina capitalista, pode transformar-se num desafio. Temos na mãos a possibilidade de deixar de ser o que a realidade nos impõe e expulsarmos o medo que há em nós.

P: Nesse contexto, como se condiciona e sobrevive um pensamento livre?

R: O pensamento é assediado e está desactivado. Desactivar o pensamento significa que nos expropriam dos saberes que nos vinculam ao mundo e à sua transformação colectiva. As ideias funcionam exclusivamente para o capital. Temos de libertar as ideias da sua sujeição. Em última instância, temos de nos converter num problema para a nossa própria realidade. “

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Interrogações

Leio no ‘Verão’, de J.M.Coetzee, “Bobos é a palavra que emprega para denegrir os dirigentes dos Estados africanos, pequenos tiranos que mal conseguem soletrar o próprio nome, transportados de banquete em banquete pelos motoristas em rolls-royces, com fardas da Ruritânia engrinaldadas de medalhas que concederam a si próprios. África, um lugar de massas famintas com bobos homicidas que as tratam com arrogância”.

Leio e pergunto-me se Portugal não corre o risco de se tornar um lugar idêntico, com bobos mentirosos que arrogantemente nos encaminham para a miséria?

Indignação

Indignado, leio que "Jaime Gama queria que comemorações do Centenário da República no Parlamento incluíssem peça de teatro que custaria 60 MIL Euros", como se não fosse já exorbitante a verba que pagamos para o degradante espectáculo que todos os dias o Parlamento nos oferece.

Leio, ainda, incrédulo que quando se exige novos sacrifícios aos portugueses, "SALA DE FUMO DO PARLAMENTO pode CUSTAR 380 MIL Euros", enquanto nas empresas os fumadores satisfazem o vício à porta da rua quer chova quer faça sol.

E não se pode exterminá-los?

Produtividade?

Leio que "... os portugueses comuns ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro, mas os nossos gestores recebem, em média:

- mais 32% do que os americanos;
- mais 22,5% do que os franceses;
- mais 55 % do que os finlandeses;
- mais 56,5% do que os suecos"
in Jornal de Notícias, 24/10/09).

E pergunto se, em Portugal, o custo do factor trabalho será elevado?

Papas ou golos?

Notícias de relevo nos meios de comunicação: Benfica campeão nacional, visita papal, Inter de Mourinho campeão de Itália e eventual campeão europeu, campeonato mundial de futebol e selecção portuguesa...

Não haja dúvida: Com papas e golos se enganam os tolos!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A utopia é possível!

A reler "Como mudar o mundo", de David Bornstein. Um livro com histórias de empreendedores sociais que, segundo Nelson Mandela, "vão inspirar e encorajar muitas pessoas que procuram construir um mundo melhor". Uma alternativa ao neolibelarismo e ao capitalismo selvagem que alguns doutos economistas nos querem impingir. A utopia ainda é possível!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

CRISE? Para quem?

"Venda de carros dispara 72% em Março
Números recuperam depois de um ano negro em 2009" , dizem as estatísticas.

Notícias como esta parecem fazer esquecer que uma grave crise sócio-económica abala Portugal, apesar de para os portugueses que têm o privilégio de ter emprego a vida pareça boa e alguns até podem fazer reivindicações lunáticas.
Infelizmente a crise é grande e parece que irreparável para os milhares de desempregados. E nem o Coelho de Páscoa que saiu ao PSD nem o Sócrates da nossa cicuta terão arte e engenho para tornar este País socialmente mais justo e viável.

Penso que uma Economia Solidária e Partilhada é urgente como alternativa ao consumismo que nos consumirá.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Nostalgias

De quando em vez sinto necessidade de respirar os aromas da infância, apenas para trazer à memória os bons momentos. Sábado passado rumei, acompanhado da família e do mano Joaquim e Glória, ao Porto para assistir à festa dos Gaiatos no Coliseu. Um turbilhão de emoções.
Depois, rumamos a Gondarém. Retemperar ânimo na deslumbrante paisagem minhota na Residencial Kalunga, que os nossos amigos Américo mais sua mulher Olimpia transformaram num dos locais mais acolhedores do paradisíaco Minho. E uma noite de fado e familiar convívio que me deixaram com vontade de voltar. Obrigado Américo e Olimpia.




sábado, 13 de março de 2010

Que sociedade somos?

“Paira sobre a Humanidade uma ameaça de integral mercantilização da vida. Nunca antes se atingiu um tal grau de transformação de tudo em mercadoria, da inteligência ao corpo, da água que se bebe ao ar que se respira. Nunca como agora o dinheiro se tornou o único deus a que todos são chamados a prestar culto. Nas sociedades contemporâneas já não há cidadãos, há consumidores. Hoje, mais do que nunca, é necessário recusar o capitalismo triunfante em que vivemos e cujos ideólogos–mercenários nos pretendem convencer ser o estádio final e insuperável do desenvolvimento histórico.
Trata-se de uma questão de sobrevivência. De sobrevivência de valores civilizacionais e morais, mas também da própria espécie humana. Por isso é preciso retomar o facho de lutas passadas; desmontar as mistificações ideológicas e políticas com que os senhores do mundo justificam a sua dominação; denunciar o cinismo e a hipocrisia dos que vivem no imediato, na e para a embriaguez da riqueza e do poder que detêm; despertar as pessoas da sua inconsciência e da sua cegueira, fascinadas como estão pelos objectos e pelo espectáculo do consumismo.”
Fernando Pereira Marques, in Esboço de um Programa para os trabalhos das novas gerações

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Combate à pobreza?

"Há dez anos, os dirigentes europeus comprometeram-se a acabar com a pobreza na UE até 2010. No entanto, embora esta data-limite se aproxime a passos largos, o objectivo proposto ainda está longe de ser atingido.

A pobreza não está confinada aos países em desenvolvimento, ensombrando também as sociedades europeias. Trata-se de um problema complexo, que impede uma parte da população de levar um tipo de vida que a maioria de nós considera adquirido. Na sua origem estão frequentemente factores como a falta de instrução, uma dependência ou uma infância desfavorecida, privada de acesso a recursos culturais, sociais e materiais.

Na UE, consideram-se pobres as pessoas com um rendimento inferior a 60% do salário médio do país em que vivem. De acordo com esta definição, quase 80 milhões de europeus, ou seja, mais de 15 % da população, vivem no limiar ou abaixo do limiar de pobreza. Um em cada dez europeus vive num agregado familiar onde ninguém trabalha e para 8% dos europeus ter um emprego não é suficiente para sair da situação de pobreza."

Será que o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social pretende mesmo combater o flagelo ou é apenas mais uma cínica operação de marketing dos políticos europeus?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aniversário

Nascido há 6 décadas na cidade do Porto, olho de relance para a memória e revejo: um miúdo pobre e vadio acolhido na Casa do Gaiato; um adolescente rebelde e sonhador; um pai terno e embebecido com a filha mais linda do mundo; um quadro superior de competência reconhecida numa grande empresa e, finalmente, um pré-reformado com tempo para saborear melhor a vida.
Mas sempre um cidadão livre, inconformado e solidário. Como diria Camus, um cidadão apostado em "recusar sempre, seja qual for o pretexto, todo o despotismo...".

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Por um mundo menos injusto

Se queremos um mundo socialmente mais justo e sustentável temos que começar por reduzir o desperdício (dos países, das empresas e dos cidadãos) e promover uma melhor distribuição da riqueza. É indecente e obscena a desigualdade social que construímos!
Cada vez estou mais de acordo com Gabriel Garcia Marquez quando diz que "Um homem só tem o direito de olhar o outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se".

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Professores?

Será legítima a exigência dos Sindicatos dos Professores que os professores qualificados com Bom (cerca de 80%, diz o ME) cheguem ao topo da carreira? Será justo face ao professores qualificados com Excelente ou Muito Bom? Olhando para os resultados do ensino em Portugal nos últimos anos fico com dúvidas, que se aprofundam sempre que oiço o Mário Nogueira.
Porque não pedem os representantes dos professores mais exigência e dedicação aos seus associados no sentido de melhorar a qualidade do ensino em Portugal?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Esperança para 2010

Novo Ano e renovo os votos de esperança de outros anos, persistindo em acreditar que é possível construir um mundo socialmente mais justo onde todos, independentemente da sua raça, credo ou ideologia, tenham direito a uma vida digna e livre, com acesso à educação, à saúde e à alimentação; um mundo onde cada pessoa tenha condições para realizar os seus sonhos respeitando os direitos dos outros; um mundo livre de guerra e de gritantes desigualdades sociais; um mundo de "Paz sem vencedores nem vencidos", como sonhava a Sophia:


A paz sem vencedor e sem vencidos


Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos
Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner
Dual (1972)