segunda-feira, 27 de julho de 2009

"Um país sem regras"

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Após mais de um mês de ausência - apenas por preguiça, perdido a saborear os pequenos nadas que a vida me oferece: flanar e sentir o cheiro dos bairros de Lisboa, ler e ouvir música, almoçar com amigos, vagabundear pelas exposições e manter o espírito atento numa ou noutra conferência - eis-me de volta quando a alegre campanha eleitoral começa a querer poluir o nosso quotidiano. Quando o país precisa de seriedade e bom senso, de definir uma linha de rumo que traga a esperança aos portugueses, os nossos políticos perdem o seu tempo em pequenas guerrilhas que possam salvaguardar as suas mordomias, adiando decisões e o país com mais diagnósticos, sabendo que a nossa curta memória dificilmente os responsabilizará pelo estado lastimável da nação.
Inquieto e preocupado, relembro algumas palavras de Amin Maalouf, que no sublime ensaio “um mundo sem regras”, nos diz:

…”O futuro não está escrito de antemão, é a nós que compete escrevê-lo, concebê-lo, construí-lo - com audácia, porque é preciso ousar romper com os hábitos seculares; com generosidade, porque é preciso unir, tranquilizar, ouvir, incluir, partilhar; e acima de tudo sensatez. É a tarefa que incube aos nossos contemporâneos, homens e mulheres de todas as origens e eles não têm outras alternativa senão assumi-lo.
“Quando u país está mergulhado no marasmo, pode sempre tentar-se emigrar; quando o planeta está ameaçado, não existe a opção de ir viver algures. Se não queremos resignarmo-nos à regressão, tanto para nós próprios como para as gerações vindouras, devemos tentar inflectir o rumo das coisas”.


Se é importante escolher com base em propostas concretas e não em promessas vãs, também é relevante escolher pessoas sérias e com espírito de servir o país. Tendo dúvidas que o povo seja tão sábio como o pintam (a maioria de nós não sabe olhar para além do seu umbigo, tratar da sua vidinha), mas acredito que ainda consiga discutir o futuro.
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