sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tempos de servidão

Seremos mesmo um país de servidão? Teremos mesmo medo de existir, como diz José Gil?

Com tanta demagogia e manipulação sobre a actual crise europeia, não resisto a divulgação de parte da lúcida entrevista do filósofo Santiago Lopez-Petit à última revista "visão".


“Pergunta: Perante a crise financeira, social e política que fragiliza as sociedades europeias que resposta devem dar os cidadãos?

Resposta: E se deixarmos de ser cidadãos? O cidadão, hoje, não é um homem livre, é uma peça da máquina de opressão que se chama democracia. O cidadão é um homem que acredita no que o poder lhe diz. Agora, o poder diz que há uma crise terrível, causada pelo facto de o cidadão ter vivido acima das suas possibilidades e a única solução é o sacrifício. É falso! A crise é a fuga para a frente de um capitalismo desenfreado. Deixarmos de ser cidadãos é começarmos a esvaziar as instituições e a perder o medo de experimentar outras formas de vida colectiva.

P: Como se faz isso?

R: O capitalismo e a realidade confundem-se. Viver já não é viver, é gerir a vida que temos e convertê-la num projecto rentável. Viver, em definitivo, é trabalhar. A nossa vida está precarizada e humilhada. Assinamos um contrato hipotecário com a realidade, mas podemos não o fazer. O nosso querer viver, em vez de funcionar dentro da máquina capitalista, pode transformar-se num desafio. Temos na mãos a possibilidade de deixar de ser o que a realidade nos impõe e expulsarmos o medo que há em nós.

P: Nesse contexto, como se condiciona e sobrevive um pensamento livre?

R: O pensamento é assediado e está desactivado. Desactivar o pensamento significa que nos expropriam dos saberes que nos vinculam ao mundo e à sua transformação colectiva. As ideias funcionam exclusivamente para o capital. Temos de libertar as ideias da sua sujeição. Em última instância, temos de nos converter num problema para a nossa própria realidade. “

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Interrogações

Leio no ‘Verão’, de J.M.Coetzee, “Bobos é a palavra que emprega para denegrir os dirigentes dos Estados africanos, pequenos tiranos que mal conseguem soletrar o próprio nome, transportados de banquete em banquete pelos motoristas em rolls-royces, com fardas da Ruritânia engrinaldadas de medalhas que concederam a si próprios. África, um lugar de massas famintas com bobos homicidas que as tratam com arrogância”.

Leio e pergunto-me se Portugal não corre o risco de se tornar um lugar idêntico, com bobos mentirosos que arrogantemente nos encaminham para a miséria?

Indignação

Indignado, leio que "Jaime Gama queria que comemorações do Centenário da República no Parlamento incluíssem peça de teatro que custaria 60 MIL Euros", como se não fosse já exorbitante a verba que pagamos para o degradante espectáculo que todos os dias o Parlamento nos oferece.

Leio, ainda, incrédulo que quando se exige novos sacrifícios aos portugueses, "SALA DE FUMO DO PARLAMENTO pode CUSTAR 380 MIL Euros", enquanto nas empresas os fumadores satisfazem o vício à porta da rua quer chova quer faça sol.

E não se pode exterminá-los?

Produtividade?

Leio que "... os portugueses comuns ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro, mas os nossos gestores recebem, em média:

- mais 32% do que os americanos;
- mais 22,5% do que os franceses;
- mais 55 % do que os finlandeses;
- mais 56,5% do que os suecos"
in Jornal de Notícias, 24/10/09).

E pergunto se, em Portugal, o custo do factor trabalho será elevado?

Papas ou golos?

Notícias de relevo nos meios de comunicação: Benfica campeão nacional, visita papal, Inter de Mourinho campeão de Itália e eventual campeão europeu, campeonato mundial de futebol e selecção portuguesa...

Não haja dúvida: Com papas e golos se enganam os tolos!