sexta-feira, 2 de outubro de 2009

EDP solidária

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Foi com satisfação que li a notícia que a EDP vai fornecer energia eléctrica, através de instalação de painéis solares, ao campo de refugiados de Kakuma, no Quénia, onde cerca de 50 mil pessoas vivem nas condições mais miseráveis, criando condições para romper o ciclo de pobreza.
Penso que este exemplo de responsabilidade social, de uma das maiores empresas portuguesas, merece ser reconhecido e que deve orgulhar Portugal e os portugueses.

"A Fundação EDP vai lançar um grande projecto de responsabilidade social no campo de refugiados da ONU de Kakuma, no noroeste do Quénia (distrito de Turkana), que permitirá fornecer energia solar fotovoltaica e eólica à totalidade da população do campo, estimada em mais de 50 mil pessoas.
O Projecto Kakuma, que arrancará em Janeiro de 2010, pretende quebrar o ciclo de pobreza dos refugiados e promover o desenvolvimento sustentável através de uma actuação integrada em todas as frentes: energia para cozinhar (fogões solares) e luz eléctrica para as famílias, iluminação das ruas, abastecimento e purificação de água, energia para os edifícios públicos (escolas, hospitais), empreendedorismo social, agricultura caseira e reflorestação de uma área de 10 hectares. E deverá envolver diversos ONG locais.
Thomas Mukoya/ReutersAntónio Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, considera que "este projecto é inovador em termos de abastecimento de energia e de sustentabilidade ambiental", acrescentando que "as alterações climáticas são hoje um factor de deslocação forçada de populações, pelo que a capacidade de enfrentar essas alterações passa também por resolver o problema dos refugiados". António Mexia, presidente da EDP, revela por sua vez que a experiência de Kakuma, onde a empresa vai investir 1,3 milhões de euros, "poderá vir a ser replicada em cada um dos 152 campos de refugiados geridos pela ONU em todo o mundo".
Estima-se que a concretização do projecto evite a emissão de 1755 toneladas por ano de gases com efeito de estufa, que hoje são lançados para a atmosfera devido ao uso intensivo de lenha para cozinhar em Kakuma (15 toneladas por dia ou 1,5 kg por família) e aos geradores eléctricos a fuel que abastecem os edifícios públicos.
A população de refugiados é maioritariamente constituída por sudaneses fugidos da guerra no Darfur (51%) e somalis (36%), havendo ainda deslocados da Etiópia, Ruanda, Burundi, Congo, Uganda, Eritreia e Namíbia. A sua presença em Kakuma está a tornar-se insustentável em termos ambientais, devido ao esgotamento de aquíferos subterrâneos e à desflorestação provocada pelo consumo de lenha. E gera fortes tensões com a população local - os turkanas - no acesso aos recursos naturais. Com o avanço do deserto, a população do campo só encontra lenha a 50 a 100 km de distância, e esta tarefa é feita pelas mulheres, que têm de enfrentar elevadas temperaturas e ameaças acrescidas de violência sexual.
As carências de energia nos edifícios públicos são grandes. Nos três hospitais do campo só há electricidade num máximo de cinco horas por dia e nas escolas, a falta de iluminação provoca insegurança, abandono escolar (em particular entre as raparigas) e dificuldades em atrair e reter professores e pessoal qualificado. E a bombagem de água dos aquíferos por geradores a diesel sai muito cara à ONU e às ONG.
António Mexia sublinha que o Projecto Kakuma "é uma oportunidade para os refugiados exercerem um direito fundamental, o acesso à energia, e acabarem com o ciclo de pobreza". E para as Nações Unidas, é a possibilidade "de testar um conceito inovador que permite integrar os refugiados de uma forma sustentável e reduzir os custos operacionais da organização".
Com efeito, o acesso generalizado à energia irá permitir a criação de pequenos negócios e de empregos num campo onde a esmagadora maioria dos adultos depende inteiramente da ajuda humanitária. Daí que um dos dez projectos incluídos nesta iniciativa da EDP seja precisamente o empreendedorismo social. Na mesma linha se situa o projecto de agricultura caseira, que deverá envolver duas mil famílias e a plantação de árvores de fruto, legumes e 100 mil árvores por ano, bem como a instalação de sistemas de irrigação.
O Projecto Kakuma foi esta semana apresentado por António Mexia em Nova Iorque no grande encontro anual da Clinton Global Initiative, uma iniciativa promovida pela Fundação Clinton destinada a desenvolver soluções inovadoras para os principais problemas mundiais, como a pobreza, as alterações climáticas, a saúde e a educação. O evento, onde participaram 60 antigos ou actuais chefes de Estado, 500 líderes das maiores empresas do mundo e 400 dirigentes de ONG, decorreu sob fortes medidas de segurança e foi aberto pelo Presidente Obama e por Bill Clinton, sendo encerrado pela sua mulher, Hillary, secretária de Estado norte-americana."
in expresso online

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