terça-feira, 16 de junho de 2009

Pelo exemplo é que vamos!...

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Apesar de alérgico aos dias de "Qualquer Coisa", por me parecerem ora um artifício para aliviar consciências ora uma oportunidade comercial para explorar gente bem intencionada; apesar de ignorar os discursos alusivos a esses dias por superficiais e, por vezes, hipócritas, gostei de ler a intervenção de António Barreto nas comemorações do 10 de Junho último, que não resisto transcrever a parte que considero mais significativa:

"...Não usemos os nossos heróis para nos desculpar. Usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista.
Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplo do que de lições morais.
Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses necessitam de exemplo, bem mais do que de sermões.
Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os
portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo.
Pela liberdade e pelo respeito devido aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes.
Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos.
Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo com mais elevado sentido de justiça.
Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus
melhores. O exemplo dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. Dos afortunados, cujas
responsabilidades deveriam ultrapassar os limites da sua fortuna. Dos sabedores, cuja primeira preocupação deveria ser a de divulgar o seu saber. Dos poderosos, que deveriam olhar mais para quem lhes deu o poder. Dos que têm mais responsabilidades, cujo "ethos" deveria ser o de servir.
Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil! Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar "sinais de esperança" ou "mensagens de confiança". Quem assim age, tem apenas a fórmula e a retórica. Dê-se o exemplo de um poder firme, mas flexível, e a democracia melhorará. Dê-se o exemplo de honestidade e verdade, e a corrupção diminuirá. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos.
Políticos, empresários, sindicalistas e funcionários: tenham consciência de que, em tempos de
excesso de informação e de propaganda, as vossas palavras são cada vez mais vazias e inúteis e de que o vosso exemplo é cada vez mais decisivo. Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis.
Em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país."


Obrigado António, por este momento de lucidez (não há dúvida que a idade por vezes torna as pessoas mais sábias!)

Para os interessados em conhecer o discursos completo, aqui fica o caminho:

http://static.publico.clix.pt/docs/politica/antonio_barreto_10062009.pdf
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1 comentário:

Américo disse...

Bom trabalho Manuel António, mas a descrença da nossa sociedade cada vez é maior, já se olha para a Corrupção como ums coisa banal, o povo não vê os grandes a serem julgados, e só os pequenos vão para a cadeia, depois há tanta miséria por aí enquanto outros se espaventam a gastar demais.O sonho de Fernando Pessoa no seu poema o Infante, dizia "Senhor falta cumprir-se Portugal", pois meu caro,depois de tantos anos que Pessoa nos deixou, ainda continua ser um sonho o CUMPRIR-SE PORTUGAL